CONFERÊNCIA DE IMPRENSA dos
Pré – Candidatos às Eleições Presidenciais

Assunto: Pedido de anúncio da data das Eleições Presidenciais

Local: Luanda – Hotel Trópico - Sala NAMIBE
Data: 22 de Julho de 2009
Hora: 10: 00

Caros presentes, merecidos representantes dos cidadãos angolanos, dignos trabalhadores da Comunicação Social.

1- Tomamos a iniciativa de convocar esta mini-Conferência entre os Pré-Candidatos às Eleições Presidenciais para manifestar em uníssono nossa preocupação e descontentamento, num momento em que há um silêncio total por parte de Sua Excelência o Presidente da República para com todo o povo angolano. Estamos praticamente no período de expiração do prazo recomendado para a marcação das datas da realização das Eleições Presidenciais. Porém, o cidadão merece um esclarecimento.

a) Este comportamento, denota que sua excelência o Presidente da República tem manietado a opinião pública nacional e internacional em volta daquilo que traduz seus desígnios, que se sobrepõem aos interesses de todo um povo. Hoje, Angola, seu povo e seu potencial económico, gravitam em torno de tudo quanto tem sido os programas cujos objectivos finais visam de forma exponencial promover a sua imagem.

2 - A não realização das eleições presidenciais neste intervalo de tempo aprazado por lei, vai também transtornar todo um calendário eleitoral a posterior, bem como a estabilidade da actividade governamental, que se repercute negativamente no comportamento emocional da população. Em face disso, deixamos a seguinte questão: ao realizar-se as presidenciais em 2010, quando é que terão lugar as Eleições Legislativas futuras e outros passos subsequentes?

3 – Expirado o prazo inicial e se porventura as eleições não tiverem lugar este ano 2009, não encontramos razão absolutamente alguma que justifique essa tomada de posição extraordinária que, ao nosso entender, não deixa de ser unilateral e muito personalizada. Isto terá igualmente consequências económicas sérias. Pois, com este procedimento, o Estado angolano coloca em dúvida e perante o mundo, seus créditos de idoneidade e probidade.

a) A reivindicação que fazemos aqui, para além de ser justa, é legítima porquanto desde 1992 que é negado aos angolanos este direito, um dos mais elementares no exercício da livre democracia em todas as sociedades civilizadas do mundo.

4 - Mais do que nunca estas evasivas deixam transparecer de forma nítida que tudo isso não é espontâneo. Foi zelosamente preparado com muitos anos de antecedência onde se previu a fraude denunciada nas legislativas passadas e as manobras que observamos agora, que tendem a perpetuar este regime.

5 - O Estado actual desenvolve uma política do cego e do surdo, pois finge que não vê as atrocidades que diariamente o governo e todos a ele afectos cometem contra os cidadãos, na sua plenitude do território nacional e que não escuta as lamúrias e os gritos de agonia deste povo que, cada dia que passa, desesperado, espreita o precipício. Esta confusão, consiste em facilitar que indivíduos se apoderem de forma “indevida” de tudo quanto tem valor em termos de património nacional. Naturalmente, são bens e dinheiro que serviriam para evitar as mortes em série que se
sucedem no presente e a multidão de frustrados e pedintes que se está a formar. Ou seja: enquanto uns poucos irão construir riqueza, o resto dos mais de 16 milhões de angolanos, continuará a vegetar entre a miséria e a subsistência.

6 - Se realmente não se respeitar os ditames da democracia efectiva e da alternância do poder político como mentores determinantes na solução dos problemas sociais, o futuro de Angola, pelos traços do presente, será ilustrado, de um lado por uma população de angolanos vilipendiados moral e materialmente e de outro, por um grupo de indivíduos despidos de sentimento patriótico.

7 - Não nos podemos esquecer que a concentração de riquezas nas mãos das mesmas pessoas e contrariamente ao que muita gente pensa, não impõe somente a ditadura. O mais grave é que a acumulação de riquezas cria a alienação material e a demência espiritual dos cidadãos que são forçados a sujeitarem-se para poder existir, no mínimo como seres humanos.

a) Por outras palavras queria dizer que: este estado permanente de mendicidade faz pensar ao povo que aquilo que os governantes “devem fazer como dever”, é um favor que lhes é prestado e não “uma obrigação que cabe ao governo para com o povo, único soberano”. Politicamente, assiste-se assim a aplicação integral do conceito que imputa na mente até de pessoas formadas e lúcidas a noção segundo a qual: “Depois de mim, nada mais tem valor; depois de mim, será o caos”. É o que, de um tempo à esta parte, querem-nos fazer crer.

8 - Não obstante todo este cenário deplorável, importa lembrar que este comportamento pacifista e exemplar do povo, não deve ser interpretado por ninguém, como ignorância ou submissão total e cega, mas sim como alto grau de maturidade e de cidadania que deve merecer o devido respeito.

9 – Para terminar, depois de reiterar o meu voto expresso de insatisfação face ao silêncio do Presidente da República em não anunciar pública e oficialmente o calendário das eleições, quero repetir aquilo que muitos já têm dito: voltemo-nos para nós mesmos, usemos todos os meios ao nosso alcance para encontrar as soluções rápidas, mas as mais consentâneas, pois a comunidade internacional chegou a uma fase de saturação que não parece muito disposta a sacrificar seus interesses, sobretudo quando não sente nenhum esforço retroactivo por parte dos nacionais, nessa direcção.
Daí que, e digo: “Não basta ter razão, o mais importante é saber e poder defender esta razão!”

10 – Caros presentes, jornalistas, políticos, sociedade civil, angolanos no seu todo, unamo-nos e reflictamos seriamente sobre o presente e o futuro do país de todos nós. Sem dúvida o trabalho dos jornalistas ante as adversidades múltiplas tem sido enorme, é preciso que o trabalho dos políticos seja três vezes mais, para que o povo acredite muito mais nele próprio e ganhe força e coragem para se libertar das correntes que o oprimem e o deprimem.

Eis o propósito desta Conferência que desde já, agradecemos a vossa presença e pedimos a devida divulgação.

Deus abençoe Angola!

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Obrigada