Meu Ponto de Vista


Meu ponto de vista sobre a posição da UNITA,
face às propostas avançadas pelo MPLA.

Começo esta análise por uma conclusão que resume tudo quanto podemos depreender desta encenação, cuja origem provém muito antes da realização das eleições legislativas: “Em momento algum o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, se predispôs a submeter-se ao voto popular”. Os 81,6%, diga-se: a fasquia foi içada alto de mais para as manobras decorrentes; Quintino de Moreira com a ND e as eleições indirectas; supostas controvérsias internas ou renúncias no MPLA; eleições atípicas; revisão da Constituição, etc., não passam de variantes de uma mesma incógnita cujo objectivo real é proteger José Eduardo dos Santos da censura dos angolanos.

Não nos enganemos. Os três projectos de governação não serão submetidos à debate popular, são simplesmente levados como informação formal à algumas pessoas. É apenas isso mesmo.
Pois, estes debates não terão qualquer valor atributivo determinante - tudo está decidido de avanço. O que é posto agora a circular é o ponto de vista unilateral do MPLA que não teve em conta outras propostas, nem dos partidos políticos com assento parlamentar, tão pouco da sociedade civil.

Nestes projectos, não há nada de extraordinário, nem nos princípios fundamentais, nem nas rubricas relativas às sub-constituições adjacentes. A única novidade que pude também constatar, trata-se do modelo “C” – Presidencialista Parlamentar. Procuramos aturadamente compreender no Direito Constitucional, o que na realidade quer isto dizer e que fundamento nos reserva esta inovação? - Nada de concreto. Uma hipótese, provável de ser a mais verídica. O MPLA, o PR em primeiro lugar, tencionam perpetuar o modelo de governação em vigor, ou seja o monopartidarismo guiado pela monarquia, consubstanciada na força da oligarquia elitista latifundiária ou financeira. Se agora não há respeito pelos deputados, não será na madrugada que o Parlamento terá valor institucional como tal.

Para dizer que: “a UNITA tem razão na sua interpelação e estamos solidários”. É vergonhoso que um país com um índice de miséria tão elevado como o nosso, expresso na sua taxa assustadora de mortalidade; um país que deveria ter a estabilidade político-social como principal objectivo gaste assim tanto dinheiro, tanto tempo por causa de uma só pessoa.

Estas modalidades de governação que me parecem indesejadas e desnecessárias na sua essência e que foram introduzidas com o intuito de criar tensões, exaltar ânimos susceptíveis de provocar conflitos, são extemporâneas. Repito o que tenho dito, ou melhor, o que temos dito: Não houve necessidade, não houve urgência alguma para a revisão da constituição; os diplomas que compunham a Constituição em vigor eram riquíssimos e confortáveis para permitir no mínimo um processo eleitoral regular. Toda e qualquer emenda poderia efectuar-se muito bem a posterior. A realidade é que, houve desde o início “Má fé”.

Portanto, sem dúvida, entre ditos e desditos, todos sabem agora que a máquina política e administrativa do MPLA e indirectamente a do governo, funcionam essencialmente para satisfazer as vontades de José Eduardo dos Santos. Tudo o resto não passa de um jogo de passa-tempo com o objectivo de nos distrair do essencial. Iludir a opinião pública nacional e internacional.

Como disse: O PR por nada deste mundo quer submeter-se ao julgamento popular através do sufrágio universal directo. “Para o Presidente da República, este tipo de eleições constitui uma ofensa e humilhação”.
Por outro lado, o Balé diplomático que decorreu desde a chegada a Angola de Sua Santidade o Papa Bento XVI, em Março; a participação do PR na Cimeira do G-8 em Aquila Itália a convite de Berlusconi, em Julho; a visita da Secretária de Estado Americana Hillary Clinton aos 9 de Agosto, Balé que culminou com a visita do Presidente sul africano Jacob Zuma, e a tristemente célebre declaração do PR aos 20 de Agosto sobre as eleições atípicas, logrou mais o interesse pessoal e político do PR do que o interesse nacional. Este foi mais um exercício que serviu apenas para caucionar o plano que se verifica agora.

Outrossim, pessoalmente e se de facto pretendemos a evolução de Angola, não apenas limitada no contexto do progresso dos países africanos, mas sim à escala de todo mundo estável e desenvolvido, pugno por um modelo de governação Semi-presidencialista, com a nítida separação de poderes. É o mais adequado para um país como Angola. Fora disso, não nos libertaremos nunca do Sobado africano.

Deus Abençoe Angola
Luisete Macedo Araújo
Pré-Candidata às eleições presidenciais


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA dos
Pré – Candidatos às Eleições Presidenciais

Assunto: Pedido de anúncio da data das Eleições Presidenciais

Local: Luanda – Hotel Trópico - Sala NAMIBE
Data: 22 de Julho de 2009
Hora: 10: 00

Caros presentes, merecidos representantes dos cidadãos angolanos, dignos trabalhadores da Comunicação Social.

1- Tomamos a iniciativa de convocar esta mini-Conferência entre os Pré-Candidatos às Eleições Presidenciais para manifestar em uníssono nossa preocupação e descontentamento, num momento em que há um silêncio total por parte de Sua Excelência o Presidente da República para com todo o povo angolano. Estamos praticamente no período de expiração do prazo recomendado para a marcação das datas da realização das Eleições Presidenciais. Porém, o cidadão merece um esclarecimento.

a) Este comportamento, denota que sua excelência o Presidente da República tem manietado a opinião pública nacional e internacional em volta daquilo que traduz seus desígnios, que se sobrepõem aos interesses de todo um povo. Hoje, Angola, seu povo e seu potencial económico, gravitam em torno de tudo quanto tem sido os programas cujos objectivos finais visam de forma exponencial promover a sua imagem.

2 - A não realização das eleições presidenciais neste intervalo de tempo aprazado por lei, vai também transtornar todo um calendário eleitoral a posterior, bem como a estabilidade da actividade governamental, que se repercute negativamente no comportamento emocional da população. Em face disso, deixamos a seguinte questão: ao realizar-se as presidenciais em 2010, quando é que terão lugar as Eleições Legislativas futuras e outros passos subsequentes?

3 – Expirado o prazo inicial e se porventura as eleições não tiverem lugar este ano 2009, não encontramos razão absolutamente alguma que justifique essa tomada de posição extraordinária que, ao nosso entender, não deixa de ser unilateral e muito personalizada. Isto terá igualmente consequências económicas sérias. Pois, com este procedimento, o Estado angolano coloca em dúvida e perante o mundo, seus créditos de idoneidade e probidade.

a) A reivindicação que fazemos aqui, para além de ser justa, é legítima porquanto desde 1992 que é negado aos angolanos este direito, um dos mais elementares no exercício da livre democracia em todas as sociedades civilizadas do mundo.

4 - Mais do que nunca estas evasivas deixam transparecer de forma nítida que tudo isso não é espontâneo. Foi zelosamente preparado com muitos anos de antecedência onde se previu a fraude denunciada nas legislativas passadas e as manobras que observamos agora, que tendem a perpetuar este regime.

5 - O Estado actual desenvolve uma política do cego e do surdo, pois finge que não vê as atrocidades que diariamente o governo e todos a ele afectos cometem contra os cidadãos, na sua plenitude do território nacional e que não escuta as lamúrias e os gritos de agonia deste povo que, cada dia que passa, desesperado, espreita o precipício. Esta confusão, consiste em facilitar que indivíduos se apoderem de forma “indevida” de tudo quanto tem valor em termos de património nacional. Naturalmente, são bens e dinheiro que serviriam para evitar as mortes em série que se
sucedem no presente e a multidão de frustrados e pedintes que se está a formar. Ou seja: enquanto uns poucos irão construir riqueza, o resto dos mais de 16 milhões de angolanos, continuará a vegetar entre a miséria e a subsistência.

6 - Se realmente não se respeitar os ditames da democracia efectiva e da alternância do poder político como mentores determinantes na solução dos problemas sociais, o futuro de Angola, pelos traços do presente, será ilustrado, de um lado por uma população de angolanos vilipendiados moral e materialmente e de outro, por um grupo de indivíduos despidos de sentimento patriótico.

7 - Não nos podemos esquecer que a concentração de riquezas nas mãos das mesmas pessoas e contrariamente ao que muita gente pensa, não impõe somente a ditadura. O mais grave é que a acumulação de riquezas cria a alienação material e a demência espiritual dos cidadãos que são forçados a sujeitarem-se para poder existir, no mínimo como seres humanos.

a) Por outras palavras queria dizer que: este estado permanente de mendicidade faz pensar ao povo que aquilo que os governantes “devem fazer como dever”, é um favor que lhes é prestado e não “uma obrigação que cabe ao governo para com o povo, único soberano”. Politicamente, assiste-se assim a aplicação integral do conceito que imputa na mente até de pessoas formadas e lúcidas a noção segundo a qual: “Depois de mim, nada mais tem valor; depois de mim, será o caos”. É o que, de um tempo à esta parte, querem-nos fazer crer.

8 - Não obstante todo este cenário deplorável, importa lembrar que este comportamento pacifista e exemplar do povo, não deve ser interpretado por ninguém, como ignorância ou submissão total e cega, mas sim como alto grau de maturidade e de cidadania que deve merecer o devido respeito.

9 – Para terminar, depois de reiterar o meu voto expresso de insatisfação face ao silêncio do Presidente da República em não anunciar pública e oficialmente o calendário das eleições, quero repetir aquilo que muitos já têm dito: voltemo-nos para nós mesmos, usemos todos os meios ao nosso alcance para encontrar as soluções rápidas, mas as mais consentâneas, pois a comunidade internacional chegou a uma fase de saturação que não parece muito disposta a sacrificar seus interesses, sobretudo quando não sente nenhum esforço retroactivo por parte dos nacionais, nessa direcção.
Daí que, e digo: “Não basta ter razão, o mais importante é saber e poder defender esta razão!”

10 – Caros presentes, jornalistas, políticos, sociedade civil, angolanos no seu todo, unamo-nos e reflictamos seriamente sobre o presente e o futuro do país de todos nós. Sem dúvida o trabalho dos jornalistas ante as adversidades múltiplas tem sido enorme, é preciso que o trabalho dos políticos seja três vezes mais, para que o povo acredite muito mais nele próprio e ganhe força e coragem para se libertar das correntes que o oprimem e o deprimem.

Eis o propósito desta Conferência que desde já, agradecemos a vossa presença e pedimos a devida divulgação.

Deus abençoe Angola!

Email: luisetearaujo7@gmail.com
Blog : luisetearaujo.blogspot.com/
Apoio: apoieluiseteparapresidente@gmail.com


Obrigada

Jornal “O PAIS”


LUISETE ARAUJOCANDIDATA DO POVO

1- Há informações segundo as quais a proposta de constituição do
partido no poder propõe um mínimo de 30 mil e um máximo de 35 mil
assinaturas para suportar as candidaturas ao cargo de Presidente da
Republica. Como encara este incremento (actualmente pedem-se 10 mil),
que fins visa no seu entender?

L.M.A. – Se tal for verdade, penso ser ridículo. Isto pode ser mais uma prova do elitismo que se pretende instaurar em Angola. Se associarmos a forma sub-reptícia de intimidação que vigora em todos os escalões da nossa sociedade que só consagra estatuto de angolano com pleno direito àquele que estiver afecto ou ostentar as insígnias do partido no poder, seremos forçados a enquadrar mais esta manobra num programa de exclusão dos verdadeiros angolanos das instituições que projectam e administram seus destinos. 10 mil assinaturas já em si, é um exagero.


2- Em que pé está a campanha de Luisete Macedo Araújo no que toca a feitura do
chamado trabalho de casa?

L.M.A. - Logo após a apresentação da minha candidatura ao público, a minha acção cingiu-se predominantemente no trabalho de campo. Nunca desertei o campo, ou seja, sempre estive em contacto com a Angola que mais sofre. Esta Angola que acorda muito cedo à procura do nada. Esta Angola que não tem emprego e é vítima da falta de tudo até de compaixão daqueles que podem. Esta Angola que observa impotente, as crianças a matarem seus futuros nas ruas da amargura.
Aliás, o que me fez reagir, foi esta realidade constatada através do contacto directo que fui mantendo com as pessoas. Como não tenho fortuna para ajudar os pobres de forma mais directa e material, e como sou consciente de que, se haver boa vontade politica por parte de quem dirige, pode-se perfeitamente proporcionar uma outra forma de vida aos angolanos, porque basta isso, a boa vontade politica. Pois Angola tem meios que chega e sobra para cada um ter o conforto que se exige no quadro dos Direitos mais elementares de qualquer cidadão. Foi esta falta de boa vontade política que me encorajou a candidatar-me.
Já estive em: Cabinda, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malange, Benguela e Bengo.

3 - Está em condições de reunir o número de assinaturas requeridas para
sustentar a sua pretensão de concorrer as próximas eleições
presidenciais?

L.M.A. – Primeiro e repito, não acredito que homens responsáveis e que vivem em Angola, que têm conhecimento das estatísticas demográficas e da sociologia dos angolanos, sejam capazes de propor uma coisa dessas. No entanto, para evitar futurologia, não arrisco a ser categórica. Mas, se formos empurrados para este cenário tudo faremos para responder aos critérios que forem exigidos. Como disse no inicio, basta colocar-se fim às práticas de intimidação dos cidadãos e assim conseguiremos porque os angolanos de Cabinda ao Cunene do Mar ao Leste estão mais do que nunca sedentos de mudança. Não só mudança dos homens, é acima de tudo mudança das ideologias, das políticas e das mentalidades que desprezam o próprio cidadão angolano. Outra verdade é que, volto a recordar que, o angolano de hoje já não é o angolano de ontem que vivia retratado e ignorante da realidade politica. O angolano de hoje já não se deixa levar por três palavras e sabe também detectar nas entrelinhas as possíveis manobras.

4 - Como encara o coro de partidos e políticos que antes defendiam o
semi-presidencialismo e agora convergem no presidencialismo?


L.M.A. – O debate contraditório é muito salutar para a saúde e longevidade da Democracia. Lamento apenas que este debate tenha surgido tarde e que ainda esteja circunscrito ao nível de poucas elites. Pois, todos nós sabemos que a maioria não entende a essência epistemológica dessas palavras no contexto político e que repercussões podem ter para as suas vidas no quotidiano.
Respondendo directo a sua pergunta, penso sinceramente que, no prolongamento do projecto da urgência de se enveredar pela descentralização da administração, com o sistema de regionalização e da necessidade de se pautar pelas eleições autárquicas para devolver o poder ao povo com a eleição do administrador municipal, acho bem que a melhor forma de fazer do progresso uma realidade seria optarmos pelo regime do semi-presidencialismo ou seja da delegação de tarefas e responsabilidades que começaria na cabeça do próprio Estado. Assim evitaríamos a inércia ou o congelamento absurdo de dossiers de extrema importância, só porque
o presidente está impossibilitado de assinar, pelos mais reles motivos.
Aproveito endereçar uma palavra de muito afecto e carinho a todas as crianças de Angola e suas mães, em particular àquelas que pelas vicissitudes actuais não têm o pranto para acalentar o filho que chora. Que tenham coragem e que tenham fé que em breve tudo vai mudar para o melhor.
Se for eleita Presidente: Quero Devolver Angola aos Angolanos.

Deus Abençoe Angola

L.M.A - Nasceu em Luanda aos 22.02.1960, casada com: Carlos Vieira Lopes de Sousa Araújo. É finalista do Bacharel de Teologia pela Escola Superior de Teologia da África Ocidental, Cristã convicta há 24 anos. Filha de: Francisco Henriques de Macedo, natural de Malange e de: Fátima da Natividade Benge, natural de Maquela do Zombo Província do Uige. Neta paterna de: Mário Henriques de Macedo e de Luzia Joaquim - Naturais de Malange. Neta materna de: António Pedro Benge e de Teresa da Natividade Benge - Naturais de Cabinda, preso político no então processo 50.


Luisete Macedo Araújo - Pré-candidatura Independente a Presidência da República de Angola

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A delinquência juvenil
Causas e consequências


“A primeira grande causa da delinquência é a má governação! O primeiro grande antibiótico é a alternância do poder na governação”.

Luisete Macedo Araújo

Nós estamos todos de acordo que queremos, aliás devemos fazer de Angola um grande país. Mas, para que Angola se torne verdadeiramente num grande país, 1° temos que construir um grande povo. Entretanto, para termos um grande povo, é fundamental e indispensável 1° investir no homem angolano, temos de edificar um cidadão no verdadeiro sentido da palavra, que usufrua de todos os direitos que não se pode privar à um cidadão do século XXI.

Angola precisa mais do que tudo de se fazer construir milhões de cidadãos que sejam úteis para a vida do país, que sejam amados e não indesejáveis ou rejeitados, que sejam a primeira escolha nos projectos de construção e não desprezados como acontece com o grande grupo de jovens muitos deles lançados para o mundo da delinquência e da droga que em Angola, sem exagero, se transformam em classe social de marginais.

Pois, para que um país seja realmente respeitado, é preciso que tenha suas sociedades estabilizadas. E, a estabilidade de uma sociedade de muito depende da personalidade de seus cidadãos, da consciência de seus residentes e não unicamente das suas riquezas. E a consciência dos residentes de uma localidade, de uma vila, de um país, depende essencialmente dos projectos definidos pelo Estado e da direcção que for indicada pelo governo que aplica as políticas do Estado para a construção da nação.

Não, nós nunca ignoramos os esforços que têm sido empreendidos pelo governo. Mas, em linhas gerais, quero dizer que, o bom ou mau cidadão, o bom ou mau jovem, de muito depende do bom ou mau desempenho do governo. O mau desempenho do governo, fomenta as desigualdades nas vias e nos meios para os cidadãos conquistarem as ferramentas e o conhecimento para eles próprios adquirirem o essencial que lhes permita viver bem. Á isto chamamos os desequilíbrios sociais e económicos. Logo, se hoje em Angola a delinquência faz lei, é essencialmente porque o governo está a trabalhar mal. Pois, o ambiente que se vive numa sociedade é sempre fruto da boa ou má actividade do governo.

Quando falamos de um lado de uns poucos ricos e do outro de milhares de angolanos pobres ou miseráveis; quando falamos de milhares de angolanos que não sabem onde dormir e de uns poucos que têm cinco ou seis casas e vivem em grandes palácios; quando falamos de gente que tem cinco ou dez carros e outros milhares de irmãos também angolanos que têm que andar a pé debaixo do Sol, na chuva ou na poeira ou lutar para conseguir o Candongueiro; quando falamos das mulheres que perdem os filhos durante os partos violentos ou por falta de lugares nas maternidades; quando falamos das milhares de crianças que morrem por falta de tratamento médico, porque são rejeitadas nos hospitais e porque seus pais não têm dinheiro nem para comprar o paracetamol que combate a febre; quando falamos daqueles que com armas na mão defenderam o país, deram tudo de si e até hoje ou não têm as suas pensões ou recebem uma ninharia do que deviam; quando falamos dos casais que se divorciam ou dos homicídios e suicídios que se multiplicam só porque um dos parceiros não tem dinheiro para matar a fome ou dar a criança aquilo que ela precisa, ao mesmo tempo que uns poucos deitam fora milhões de dólares no estrangeiro; quando falamos das crianças que ficam sem estudar por falta de escolas, ou sem o ingresso à universidade por caprichos de uns poucos, enfim… tudo isso não restam duvidas, é prova mais do que evidente que o governo não quer o bem do seu povo. E somos forçados a aceitar que é aqui onde inicia a fonte da delinquência.

Porque a delinquência é também falta de amor, amor de si próprio, amor ao próximo. O facto de não se sentir amado, o facto de não amar a sua própria vida; o facto de se sentir inútil e impotente na satisfação dos seus desejos, empurra a pessoa a odiar-se primeiro a si e depois a pensar que o outro é culpado da sua situação. Esta falta de amor, é também consequência da falta de meios que os permita satisfazer as suas necessidades básicas.

Contudo e conforme disse, para além de outras razões, a delinquência começa com a privação dos direitos mais elementares do cidadão como é o direito a educação, a saúde, ao emprego, a uma casa condigna, a livre circulação, mas também o direito a palavra e a informação. Portanto, é a reunião de todos esses estímulos negativos que muito influencia a delinquência; porque a falta do essencial para viver, provoca a frustração e essa ilumina o desespero e é o desespero que empurra os mais fracos psicologicamente para a violência, para a via mais suja e condenável que é a delinquência.

Porém, não venho ao Cacuaco para formular críticas gratuitas ao governo, tão pouco como advogada dos marginais. Eu venho hoje ao Cacuaco para em conjunto encontrarmos as soluções dos problemas que nos afectam à todos.

A todos porque: são os delinquentes que estão permanentemente em risco de vida, são os delinquentes que perigam as vidas de seus próximos e a vida de seus parentes; à todos porque os crimes perpetrados pelos delinquentes prejudicam muito mais aqueles que já nada têm, aqueles que se levantam cedo, aqueles que trabalham duro e ganham muito pouco, os pobres e sacrificados, a gente do subúrbio, a gente que já é discriminada pelo Estado na distribuição dos bens da nação, os mais desfavorecidos, os sem teto, os sem escolas, os sem emprego, os sem alegria. Numa única palavra, os delinquentes por sua vez impedem o progresso e o desenvolvimento do país, porque tiram a tranquilidade que outros cidadãos de boa fé precisam para poderem trabalhar para o bem-estar de todos nós.

Para além de outras medidas que seriam ideais para colmatar o mal delinquência, proponho trabalhar com as associações que têm de ser profissionalizadas. É urgente promover mais cursos de assistentes sociais, criar mais infra-estruturas e triplicar os meios materiais por formas à que essas associações locais que, repito, têm de ser profissionalizadas, sejam capazes não só de albergar, enquadrar as crianças e os jovens, mas possam transformar a maneira de pensar e agir de um potencial delinquente e fazer desse um homem íntegro e valoroso cidadão angolano. “A solução dos nossos problemas não passa nunca pela violência! É a luta pelo saber e o esforço no trabalho digno de todos os dias que o Sol se levanta e a todo o preço que nos vai dar a felicidade”.

Nesse aspecto muito particular, as igrejas, em auxilio das escolas e dos pais e encarregados de educação, têm um papel muito importante a desempenhar na pacificação dos espíritos e na aplicação da mensagem do Senhor para cada um de nós praticar o bem ao nosso próximo. Quem fala das igrejas, fala do comportamento das forças da ordem. Os polícias, os tribunais e os magistrados, não podem constituir-se unicamente em meios de repressão; têm de ser igualmente agentes de persuasão, de aconchego. As forças da ordem têm de servir de conselheiros e educadores, assim como o agente da polícia, não pode estar na rua somente para prender, punir ou matar, tem de se prestar útil ao cidadão como confidente, como irmão mais velho do jovem desorientado.
Nisso tudo, o grande erro que o actual governo cometeu, foi o de não ter acreditado nas potencialidades do angolano, sobretudo na sua capacidade de se transformar. O governo ao campar na filosofia de que o angolano é preguiçoso ou pouco inteligente, optou pela importação de mão-de-obra estrangeira, em vez de investir muito mais na formação e na mobilização dos jovens para o estudo, o esforço do dia-a-dia e o trabalho digno. O dinheiro que gastamos com esta política de importação, daria para proporcionar o bem-estar para muitos milhões de cidadãos e para retirar da delinquência milhares de jovens que hoje caíram no total desespero. Esta política do governo fechar fábricas e oficinas para privilegiar a importação.

Porém, o maior esforço ainda é igualmente a luta política. Neste quadro específico, a alternância do poder é, tal como disse no início uma das soluções mais viáveis e consentâneas para a solução global dos problemas que tenho vindo a citar. A alternância do poder significa que: quando não estamos satisfeitos com a forma como o governo está a resolver os problemas que nos tocam, nós demos um voto de contestação. Ou seja, na altura das eleições, nós votamos num outro partido ou dirigente que pensamos que melhor vai trabalhar para a maioria do povo.

Se este governo ou presidente que nós escolhemos, não trabalhar conforme queríamos no espaço dos cinco anos, então retiramos o nosso voto de confiança e vamos votar num outro.

É assim que os países avançados fazem, é assim que nesses países a delinquência é muito relativa; é assim que o número de pobres é muito reduzido, porque os presidentes, ministros, ou governadores são obrigados a trabalhar bem sob pena de abandonarem os cargos.

Aqui em Angola, as coisas não mudam, porque os dirigentes sabem que trabalhando bem ou mal, continuarão sempre a governar.

É por isso que, nas próximas eleições, se quisermos que as nossas vidas tenham um outro rumo, que o nosso futuro e das gerações vindouras esteja seguro, que haja paz social para todos, que reine o amor entre todos nós; que as nossas crianças gritem e saltem com alegria já não de dor, de fome ou de medo; que possamos andar nas ruas de noite e de dia sem medo de ser assaltados ou mortos, temos de votar um outro governo, um outro presidente que sinta na carne e na alma a dor que esta situação nos provoca.

É nesta óptica que eu ofereço os meus préstimos e coloco ao dispor de todos os angolanos a minha visão e o meu programa de acção social que garante uma Angola muito mais social, muito mais justa e verdadeiramente próspera e acolhedora!

Há mais de trinta anos que andamos nisso, é tempo de mudar. Aqui está a urgência de experimentarmos outras coisas, com outras pessoas a pensarem e agirem para o bem de todos os angolanos e não apenas para o beneficio de muito poucos. Eis ao justo o motivo principal da minha candidatura à presidência dos destinos de Angola.

Quero criticar e corrigir a forma de governação consubstanciada na busca de dividendos políticos e de benefícios pessoais astronómicos que no fundo inspiram o sindroma da cultura de violência para provocar a confusão e fazer esquecer ou desviar a consciência do povo quanto a realidade do seu estado precário de vida;


Quero criticar e corrigir a falta de políticas consentâneas para a massificação do ensino e a consequente erradicação do analfabetismo;


Quero criticar e corrigir a falta de priorização de iniciativas de empreendimentos de base para ocupação de um maior número de cidadãos;

Quero criticar e corrigir a falta de programas de educação e sensibilização de moral e cívica de base junto das massas por parte dos meios da comunicação social, sobretudo estatais;

Quero criticar e corrigir a ausência de uma política para a formação de quadros técnicos nacionais a altura das exigências das novas tecnologias e dos novos desafios da ciência; a problemática do emprego com salários que estejam ajustados a realidade do custo de vida;

Mas, venho também para alertar que a falta de habitação, de assistência médica e de outras politicas de âmbito social ao alcance de todos e que satisfaça à todos, para além de constituir a causa primeira da delinquência, é também um manifesto contra os Direitos Humanos.

Venho para dizer: “Sim, queremos um milhão de casas, mas não um milhão de caixas, como estas que estão a ser construídas em muitos locais, sem condições básicas para qualquer cidadão poder habitar. A casa do pobre não pode ser uma casa qualquer, apenas com teto e paredes”.

Portanto, se eu for eleita como presidente de Angola: logo a minha proposta será para a inversão das prioridades.

Começaria por:

Colocar o Estado como o maior empregador e com 80% das responsabilidades na aplicação das políticas de educação, formação e assistência médica e medicamentosa;

Despolitizar os sectores e serviços públicos da governação e introduzir a cultura dos Direitos Humanos no seio daqueles que estão a testa do Estado e do Governo;

Dar mais poderes aos governos locais desde as comunas, pois são esses que estão mais próximos da realidade de vida das populações e em conjunto com os residentes locais, mais facilmente podem encontrar as fórmulas para rapidamente os resolver. Neste quadro, os critérios de eleição e nomeação dos candidatos, serão mais por capacidade e competência e não meramente por afinidades políticas;

Priorizar o investimento estrangeiro para os sectores mais estratégicos como é a pesquisa científica, a grande indústria e os sectores de exploração dos minerais estratégicos, ao mesmo tempo que, nas zonas urbanas, deve se triplicar o número de empresas e oficinas, profissionalizar o sector de prestação de serviços e projectos de acção social, por formas a proporcionar muito mais empregos, rentabilizar a produção e dar maior poder de compra aos cidadãos de todas as categorias e classes.

Para as zonas rurais, dar maior sustentabilidade a agropecuária, organizar a produção e produtividade dos camponeses; criar maior fluidez na evacuação de seus produtos e permitir um melhor acesso da população rural com as cidades; isto os vai permitir ter uma outra visão da sociedade e os vai convidar a dar um maior contributo para o desenvolvimento das suas vilas criando assim muitos outros pólos de atracão. Esta dinâmica, é também uma via de escape para libertar as cidades dos engarrafamentos, do desemprego, da bandidagem, enfim…

“A juventude para a vida de um país é como o sangue para o corpo humano”. Se um país não tiver a capacidade de promover jovens saudáveis, capazes, audazes e prontos para todas as tarefas de reconstrução nacional, este país está vulnerável e sujeito a ser ocupado por outros que vêm de longe. Se um governo não consegue produzir jovens, futuros dirigentes ou bons chefes de família, é um governo fracassado.

Juventude futuros dirigentes, chefes de família, obreiros da valorosa nação angolana! Não baixem os braços, não vacilem, não entreguem a vossa sorte à droga, ao alcoolismo, a delinquência! Levantai a vossa cabeça, colocai a vossa inteligência no que de mais possa ser útil para si, para os vossos pais, para os vossos futuros filhos, para a vossa geração futura, lutem com dignidade tal como vossos antepassados lutaram para resgatar a terra do ocupante, construam no presente os vossos lares e para com a mesma dignidade alcançarem o amor que tanto vos falta! Metam-se por isso ao trabalho, a partir de pequenas coisas, organizem-se em grupos de pequenos construtores e renunciem a violência, agora. Pois podemos cair na lógica do pai delinquente, filho será também.

Juventude, força da nação, homens e mulheres dessa grandiosa Angola! Estamos juntos nessa luta e conto convosco nas próximas eleições!

Queremos eleições presidenciais ao sufrágio universal directo, já! Só o povo é soberano.

Muito obrigada pela atenção que me dispensaram, que tudo quanto disse seja benéfico para a transformação positiva das vossas vidas e não nos esqueçamos,

Que Deus Abençoe Angola!


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Cacuaco Abril de 2009

Luisete Macedo Araújo

Pré-Candidata às futuras eleições presidenciais